Me solta!

Por Finólia Aroeira

Meus queridos, como não aguentei esperar todos os ensaios técnicos para traçar meus comentários, resolvi abrir meu coração. Os treinos que venho acompanhando desde o final de 2015, deixaram-me bem otimista em relação ao que deverei presenciar nos desfiles oficiais. Nosso país, mergulhado numa crise que parece não ter fim, obrigou muitas agremiações a buscar na cabeça o que faltava no bolso e, então, acho que a criatividade será o grande destaque esse ano. Infelizmente, mais uma vez, aquele povo encamisado, dificultando a evolução dos componentes, é de uma falta de respeito sem fim. Os componentes imprensados pelos seguranças dos seguranças e um monte de gente “dando pinta” com a camisa da escola… um horror aquilo.

Em um dos ensaios, Carmelita quis pular a grade da frisa pra fazer uma selfie com a pomba gira, mas foi impedida por “Fu Manchu”, amigo nosso que resolveu dar um “tapa” no visual e ficou com a cara do personagem, parecendo um sabonete falante.

Apesar de que, pra falar a verdade, as vezes até que dá vontade de pular aquela grade e pegar pelo braço uma daquelas rainhas de bateria e perguntar: “Sua mãe sabe que você está aqui?”; “Você aprendeu a sambar descalça em cima de uma folha de zinco quente?”; “Você sabe o é que caviar?”, ou para um passista vestido de malandro e sambando feito uma cabrocha: “Meu filho, sua indumentária não está combinando com seu samba. Já pra casa!”.

Enfim, pular a grade também para abraçar cada baiana, cada cadeirante, cada criança e com o Arco da Apoteose de fundo, posar para os magníficos fotógrafos Rogerio Torres, Ricardo Almeida, Gisele Mendes, Marcia Rossi, Lúcia Mello, Benildo Mendes, Sandra Zayres, Michael Brito e tantos outros que eternizam, através da combinação olhar e lente, momentos únicos que somente o carnaval e o povo podem nos proporcionar…

Finólia Aroeira, do Leme para o mundo! Janeiro/ 2016