Por Finólia Aroeira
Meus queridos, entrei na quadra do Império Serrano, pela primeira vez, no carnaval de 1982 e foi inesquecível, pois a escola da Serrinha conquistara o título naquele ano. Nossa turma, que havia desfilado pela Portela, na ala “Bigode do Nozinho”, assistiu a apuração na casa do presidente da ala, o saudoso Ido Fernandes, e após o resultado, que nos deixou em segundo lugar, partiu para Madureira. Chegamos vestidos de azul e branco para comemorar o título junto com os imperianos, num clima que só quem esteve lá, consegue traduzir tamanha confraternização. Uma verdadeira festa!
No dia do desfile, lembro que enquanto aguardava, na concentração, a hora de entrar, buscava registrar, através dos meus olhos, todas as cenas que passavam diante de mim. Com o enredo “Meu Brasil brasileiro”, do carnavalesco Viriato Ferreira, a escola mostrou as manifestações folclóricas de nosso país, colorindo ainda mais aquela noite de sonho. Que honra ter tido o privilégio de desfilar por essa escola e ter ficado, por alguns minutos, diante de Clara Nunes, na Presidente Vargas.
A Portela, grandiosa, que ouvia falar, se revelou muito mais, pois quando entramos na avenida, embalados pelo samba de David Correa e Jorge Macedo, presenciamos milhares de pessoas cantando junto conosco, como se elas também estivessem pisando naquele asfalto. Nossa fantasia, representando africanos, estava linda e fez um grande sucesso, pois o movimento das palhas da costa, enquanto evoluíamos, nos transformava numa pintura surreal. Entendi, ali, o verdadeiro significado de atravessar aquela avenida sob as bênçãos da Águia, quando aos 33 anos, defendi suas cores pela primeira vez. Foi de arrepiar!
A Portela, que passou anos, sob uma administração equivocada, hoje volta a dar alegria aos seus torcedores, apresentando carnavais a sua altura. Como poderíamos imaginar que um dia veríamos seu símbolo mutilado ou sua velha guarda barrada na apresentação oficial? Pois vimos e nunca mais voltaremos a ver. Desejo sorte à Portela, que em 2016, misturará seu peso e história à vanguarda do carnavalesco Paulo Barros.
Finólia Aroeira, do Leme para o mundo! 2015