Cadê a emoção?

Por Finólia Aroeira

menina-fantasiaMeus queridos, essa cidade acolheu-me em 1964 e em 1965, ano em que o Rio completava 400 anos de fundação, fui com minha madrinha, assistir aos desfiles das escolas de samba na avenida presidente Vargas. A festa fluiu de forma bem diferente do que se vê hoje, pois havia um certo “descompromisso” com a técnica e os sambas, mais cadenciados, refletiam o que queríamos sentir. Naquele ano, meus olhos mineiros pareciam não acreditar em cada confete e serpentina que caíam feito chuva colorida!

A técnica foi, aos poucos, diluindo a emoção e a disputa amarrada a milhares de regras, binóculos e canetadas!

Não entendo porque insistem em colocar pessoas que não são de carnaval julgando as escolas! Em 2014, a Império da Tijuca fez uma apresentação emocionante, fazendo literalmente o chão “tremer” e foi, injustamente, rebaixada; a São Clemente, este ano, que encantou toda a Passarela com sua homenagem ao mestre Fernando Pamplona, não retornou ao desfile das campeãs. Onde já se viu “bombeiro hidráulico” palpitar no trabalho de uma “manicure” ou “figurinista” avaliar “evolução”?

 Da casa simples na Rua Mileto Maciel, na Ilha do Governador, onde por diversas vezes, segui o bloco da Shell até o Cacuia, guardo as maiores emoções e hoje, lanço, quase que involuntariamente, um amarelo sorriso sobre esses julgamentos “sem pé nem cabeça, amarradas no rabo da besta!”. Deixem o povo brincar o carnaval!

Mais um carnaval chega ao fim e depois de tantas caminhadas até a estação Arcoverde, rumo à praça XI, os joelhos reclamam mas a vida precisa seguir. O melhor de tudo foi ver a cidade em festa e o povo exibindo, com orgulho, suas fantasias nos vagões do metrô ou se acabando nos blocos da cidade. Emoção pura. Viva a Carioquice! Parabéns, Cidade Maravilhosa!

Finólia Aroeira, do Leme para o mundo. 2015

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