Comprimidos, chá de camomila e a fantasia de napa!

pilulasPor Finólia Aroeira

“Queridos leitores e amigos, há muitos anos que meus dias não são iguais. Acordo, tomo meus cento e quarenta e sete comprimidos e, logo em seguida, desço para a missa ou fazer minha caminhada no calçadão. Quando preciso alcançar os aposentos intocados da minha alma, ouço meus sambas antigos, converso com minhas amigas, revejo fotografias…

Na sexta-feira (16 de novembro), após o almoço, enquanto ouvia o delicioso Cd do Casuarina, minha velha amiga Therezinha ligou convidando-me para um chá (hã?). Não pude recusar. Somos amigas na cerveja e no chá, porque não?

Depois do banho, colônia e batom, desci e fui pelejando pelos buracos das calçadas da Gustavo Sampaio. Quando cheguei em seu prédio, o mais impressionante foi o corredor que enfrentei até o elevador. Parecia não ter fim e ao final, senti o alívio dos que chegam na Praça da Apoteose em dia de desfile!

Nosso encontro, como todos, rendeu tantas histórias e gargalhadas, que até uma fantasia de napa, amarelada, do Cacique de Ramos, surgiu nem sei de onde e fez o tempo parar. Até as inúmeras corridas que levamos do povo do Bafo (Bafo da Onça), serviram para chacoalhar ainda mais nossa tarde/noite. Lá pela décima xícara de chá de camomila (Será que ela queria que eu dormisse?), sua filha mais nova, Juliana, chegou morta de fome e, em segundos, devorou, feito uma traça, todos os biscoitos amanteigados que estavam na mesa. Até a rosa que ganhei do Rei, no último show e que havia levado para mostrar, não foi poupada. Num momento de distração, o cachorro, aproveitando minha bolsa aberta, estraçalhou-a com requintes de crueldade. Parecíamos umas loucas gritando e levando dribles daquele “Neymar de quatro patas”. Quando conseguimos resgatar, já era tarde: a flor, antes viçosa, havia se transformado num monte de pétalas soltas e babadas. Guardei o que restou de minha relíquia, me despedi de Therezinha, de sua filha que, a essa altura, devorava uma torta inteira (Que garota…) e voltei bem feliz para casa.

Antes de entrar no meu prédio, fui beber uma gelada no quiosque do baiano. Aquele gosto de camomila na boca ninguém merece! A cada gole, sorria dos momentos que passei com minha grande amiga…

Baianinho, meu Rei, traz mais uma e a conta!”

Finólia Aroeira, do Leme para o mundo, 2012

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