Nos dois dias de desfiles do Grupo Especial, Mangueira, Salgueiro, Portela e Viradouro saíram na frente em suas apresentações, pelo conjunto das obras. Seus enredos emocionaram trazendo a filha de Ogum com Iansã; a justiça de Xangô; provocaram, tocando em feridas históricas e ainda abertas; falaram de renascimentos após as cinzas, além da importância do brilho no olhar, e quando os olhos acendem é sinal de que alma está repleta de verdade e esperança. Por isso, arrebataram o público presente, foram verdadeiras e nada como ser de verdade.
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-São Clemente: A escola do bairro de Botafogo levou para a Sapucaí o enredo “E o samba sambou”, de 1990. A amarelo e preta atravessou a avenida solta, brincando e foram poucos os componentes que não cantaram o contagiante samba. As críticas ao modelo atual da festa que, a cada ano, fica mais longe do povo, foram desenvolvidas com muita competência. Destaque para o samba, bateria e fantasias (criativas e de fácil leitura).
-Vila Isabel: Com o enredo “Em nome do Pai, do Filho e dos Santos, a Vila canta a cidade de Pedro”, desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira, a agremiação passou grandiosa, com fantasias e alegorias luxuosas. A escola estourou o tempo e o samba fraco não ajudou. Destaque para o excelente desempenho da bateria, capitaneada pelo talentoso mestre Macaco Branco!
-Portela: A escola de Madureira, em sua homenagem à Clara Nunes, colocou no mesmo tacho pitadas de modernismo, Tarsila do Amaral, barroco mineiro e religiosidade, resultando numa apresentação emocionante, com fantasias e alegorias bem acabadas e de fácil leitura. Destaque para o trabalho da carnavalesca Rosa Magalhães, primeiro casal de mestre-sala e porta–bandeira, samba-enredo, bateria e intérprete.
-União da Ilha: As obras de Rachel de Queiroz e José de Alencar conduziram o desfile da escola insulana e o carnavalesco Severo Luzardo, além das obras dos dois autores, presentou a avenida com a cultura do estado do Ceará. Durante a passagem da escola, o fato que mais chamou atenção foi o capricho no acabamento tanto nas fantasias, quanto nas alegorias. Infelizmente o enredo “A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu”, não teve a trilha sonora à altura do trabalho do carnavalesco. Destaque também para a bateria e primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira.
-Paraíso do Tuiuti: Com o enredo “O salvador da pátria”, a vice-campeã do carnaval do ano passado, levou para a avenida a saga do bode Ioiô, eleito vereador em Fortaleza na década de 1920. A penúltima alegoria demorou a entrar e a última também apresentou problemas, onde uma parte teve que ser retirada para entrar na avenida, danificando a forração e deixando exposta a estrutura de madeira. Destaque para o samba e bateria.
-Mangueira: A verde e rosa tocou em feridas históricas com seu enredo “História pra ninar gente grande”, desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira. O samba, um dos mais cantados no pré-carnaval, pôde ser ouvido antes mesmo da escola pisar na Sapucaí. Todo o Setor 1 cantou o hino da escola a plenos pulmões! A escola quase flutuou, realizando um desfile arrebatador, onde a emoção colocou o Sambódromo numa espécie de bolha fazendo com que todos, por alguns instantes, fizessem parte de uma mesma nação: a nação mangueirense! Destaque para o conjunto da obra!
-Mocidade: Encerrando os desfiles do Grupo Especial, a escola de Padre Miguel falou do tempo, e um excelente samba ajudou a contar o enredo “Eu sou o tempo, tempo é vida”, do carnavalesco Alexandre Louzada. A agremiação vem tentando resgatar o tempo em que ficava entre as seis primeiras. Destaque também para a bateria, intérprete e a grande Elza Soares no abre-alas.
Fotos: H.Bakhury e Regina Silveira