Por Finólia Aroeira
Meus queridos, sempre digo que vivi isso, presenciei aquilo ou que no meu tempo o carnaval era assim ou assado. Acredito que atualmente algumas escolas reinventam seus desfiles, trazendo ao folião a sensação de resgate ao protagonismo da festa. Não aguento mais tantos enredos vindos do outro lado das cercas do bom senso. Argumentos estranhos, que teimam em nos bolinar, procurando algo sob nossas tangas. Ninguém mais aguenta mais ver zebras, leões e reis do Congo! Ninguém suporta mais atravessar a avenida dentro de um pote de iogurte ou sapateando como se estivesse num palco da Times Square! A brasilidade a que me refiro, é aquela que devolve ao povo sua identidade, deixada de lado nos últimos anos. O Brasil festeiro, de tantas conquistas, religioso e colorido, sempre nos presenteia com a noção pertencimento. O mesmo pertencimento que senti ao ver, na Presidente Vargas, Império Serrano, Portela, Salgueiro e Mangueira, levarem o público ao delírio. Eu estava lá!
Esses olhos, acostumados com a deliciosa folia de São João Del Rey, também viram a Beija-Flor cantando a cidade de Araxá; a Mocidade e sua “Tupinicópolis”; “Os Sertões” da Em Cima da Hora; a Unidos da Tijuca cantando: “ Maldito bicho, se me ouviu, se não gostou do meu samba, vai pra longe do Brasil…”; o Chico Buarque na Mangueira; o “Domingo” da União da Ilha; a “Paulicéia Desvairada” da Estácio de Sá; o Salgueiro pegando o Ita No Norte; a Portela nos lembrando “Quando o samba era samba”, em 1994. Brasilidade pura!
Em 2016, com fé em Deus e em meus orixás, estarei, mais uma vez, registrando na memória, mais um carnaval. E esse, promete! Promete porque teremos “A Menina dos Olhos de Oyá”; “Mais de Mil Palhaços no Salão”; “No voo da águia, uma viagem sem fim”; “Mineirinho Genial! Nova Lima- Cidade Natal. Marquês de Sapucaí- O Poeta Imortal”; “Malandros” e por aí vai! Eu estarei lá!
Finólia Aroeira, do Leme para o mundo/ Julho, 2015.