Por Finólia Aroeira
“Meus queridos, com a oportunidade que ganhei para escrever aqui, neste espaço, estou me sentindo a Sandra Passarinho do Leme. Confesso que passei maus bocados depois que parei de desfilar, achando que nunca mais entraria em contato com o carnaval. Mas a “véia”, tinhosa, acabou voltando, só que agora como colunista desse site. Aproveitei esse lindo início de noite de quinta-feira para ver o mar e tomar uma geladinha no quiosque do baiano.
Primeiro assisti Lado a Lado. Aliás, esta é a única novela que me interessa atualmente pelo conjunto da obra. O surgimento do samba, a chegada do futebol, a luta dos negros por identidade, o desaparecimento dos cortiços, a trilha sonora e o samba da abertura desenham uma história que me faz viajar no tempo. Confesso que fiquei meio órfã da Carminha e do povo do Divino, por isso me recuso assistir o folhetim que sucedeu Avenida Brasil. Como posso perder meu precioso tempo vendo garrafas no telhado esperando alguém jogar uma pedra para quebrá-las? (é no mínimo estranho); vilãs sem molho, mocinhas que não convencem. Parece O Clone! A outra novela, um remake desnecessário- Reedições nem sempre dão certo-, tem um castelo que mais parece cenário da Praça é Nossa e gira em torno de uma guerra com direito a tortas na cara e interpretações pra lá de caricatas.
Fiquei no quiosque conversando e vendo a moçada passar por um bom tempo, até que, na segunda saideira, encontrei Therezinha passeando com seu yorkshire, Beto. Contei-lhe sobre o concurso que elegeu a Corte para o Carnaval 2013, no último sábado. Cá entre nós, a festa estava ótima, torcidas animadas, candidatos bem preparados, Marquinhos Sensação me fazendo arriscar uma sambadinha, Selminha Sorriso (linda!) no corpo de jurados, mas as vaias que ecoaram na
Cidade do Samba após o anúncio do Rei Momo eleito pelo quinto ano consecutivo, foram como um balde de água fria.
Os súditos vaiaram o Rei! É o fim dos tempos! Alguma coisa acontece nesse reino, que foge da minha humilde compreensão.
Depois de muitos risos e fofocas, no melhor quiosque do Leme, pedi a quarta saideira, paguei minha conta e voltamos pra casa – parando de poste em poste-, combinando para irmos juntas ao Botequim do Samba, na Cidade do Samba. Depois do banho, peguei minha caixa de fotografias (sempre faço isso…) e passei um bom tempo relembrando uma época em que os Reis eram mais respeitados…”
Finólia Aroeira, do Leme para o mundo, 2012