Perfume Dirce…

Por Finólia Aroeira

Meus queridos, um simples telefonema pode acabar com o sossego de qualquer cristão, pois como não sei dizer “não!” , o remédio é aceitar a “coceira” que vai subindo pelo corpo, nos tira do sofá e nos joga no meio da rua. Em poucos minutos encho meus joelhos de spray anti-inflamatório, engulo, depressa, um prato de mingau de sagu e quase piso no gato para, debaixo de chuva, encontrar minha turma!

O carnaval ainda rende muitos assuntos e a dança das cadeiras, mais ainda: carnavalescos, mestres de bateria, diretores, intérpretes e outros segmentos trocando de agremiação, oferecem material suficiente para divertidas resenhas. Definitivamente, não sou desse tempo! Não há a menor intenção, por parte das escolas de samba, em manter seus profissionais e poucas são aquelas que realmente oferecem terrenos férteis para que tantos talentos criem raízes.

No último sábado, o choppinho no Cervantes foi quase impecável. Nos encontramos na porta e depois da quinta rodada, Therezinha chegou, vinda de um casamento. Por um instante peguei-me ouvindo a conversa da mesa ao lado e viajei no difícil diálogo entre uma “mocinha”, supostamente carioca e um gringo. Ela gesticulava, tentando se comunicar com seu inglês embromation, até que, de repente, resolveu se perfumar, talvez para melhorar a comunicação. O aroma que saiu daquele frasco, empesteou todo o ambiente, provocando uma sinfonia de espirros e o gringo, muito branco, transformou-se num pimentão gigante. A partir daí, não lembro de mais nada, pois desmaiei. Sonhei que rodopiava sem parar vestida de rosa, na ala das baianas da querida Mangueira!

Finólia desmaioQuando acordei, havia mais gente em volta de mim, do que em mesa de apuração de escola campeã! Todos me abanavam e Therezinha já com um dos cílios postiços na bochecha, chorava copiosamente. Numa análise rápida, posso afirmar que a cidade do Rio é de uma poesia ímpar, pois tem coisas que só acontecem por essas bandas.

Como nossa reunião foi interrompida pelo perfume “Dirce” da mocinha poliglota, que a essa altura já havia vazado do restaurante, pedimos a saideira, a conta e seguimos pela Prado Junior em direção à praia, nos acabando de rir!

Finólia Aroeira, do Leme para o mundo! 2015

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