Querido leitor, imagina ter que ir à padaria feito uma mendiga, para não ser assaltada. Imaginou? Pois é, o Leme, em dia de praia, se transforma em terra de ninguém. Dia desses, levei uma carreira de uns moleques…nem sabia que ainda tinha joelhos! Nem quero imaginar como será durante o carnaval…
Falando em carnaval, os ensaios técnicos, mais uma vez, comprovam que se povão estivesse lotando as arquibancadas nos dias oficiais, a festa seria bem diferente. O calor do público daria um tempero a mais às apresentações, mas o que era para ser do povo, foi, aos poucos sendo loteado com um puxadinho aqui, uma grade ali, cadeiras de pista acolá, restando, aos verdadeiros donos do carnaval, apenas ensaios técnicos, arquibancadas do mangue, viaduto. Na pista, um outro ensaio regado a cordões de ouro, celebridades, bolsas de grife, seguranças, charutos e até camisetas, arremessadas ao povo, por cima das grades, acontece ornamentando ainda mais a exclusão. A grade delimita a festa, demarca um território que é para poucos.
Andei lendo uns artigos sobre sambas-enredo…. Que inferno! Chegam ao cúmulo em afirmar que alguns sambas assim que cruzarem a Sapucaí, cairão nos abismos do esquecimento e que nunca mais serão lembrados. Os desfiles ainda nem aconteceram, mas os “videntes” de plantão, já alisam suas bolas de cristal. Implicam com o enredo da Imperatriz, com a “Cabeleira do Zezé”, com a “Mulata bossa nova” e até com a “Maria Sapatão”! Que gente chata! Carnaval é brincadeira, galhofa, transgressão autorizada! Época em que o povo se anestesia da realidade cotidiana. Mesmo assim, a chatice do “politicamente correto”, entra em cena como um balde de água fria. “Larguem minha fantasia! ”
Voltando aos ensaios, tenho observado capricho nas apresentações. Todos os segmentos fazendo bonito, casais de mestre-sala e porta-bandeiras impecáveis. Lucinha Nobre deu um show na Porto da Pedra; Selminha Sorriso, perfeita na Beija-Flor; Ivete dando um banho de carisma durante o treino da Grande Rio; Marcela Alves, linda no Salgueiro…
Por falar na Academia do Samba, escola da Silva Teles tingiu a avenida de vermelho, em seu ensaio técnico. E aquele Exu de dois metros, dando gargalhada? Só entende que é Salgueiro…
Finólia Aroeira, do Leme para o mundo- fevereiro 2017!
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